Centenas de pessoas prestam homenagem a José L. Del Roio

Com a presença de mais de 200 pessoas o escritor e ativista político José Luiz Del Roio recebeu das mãos do vereador Antonio Donato na manhã de segunda-feira (9), Dia da Luta Operária, a Medalha Anchieta e o Diploma de Gratidão da Cidade de São Paulo.

As comendas, da Câmara Municipal e entregues a Del Roio por iniciativa de Donato, são um reconhecimento à atuação do escritor em defesa da classe trabalhadora. Desde a juventude ele se dedicou à organização de sindicatos e foi um militante político, que lutou contra a ditadura militar de 1964.

E o local da homenagem não poderia ser outro: o antigo Moinho Matarazzo, no Brás, cujas imediações foram palco de fatos mercantes da paralisação de trabalhadores em 1917 e considerada como a primeira greve geral do Brasil.

No dia 9 de julho de 1917 o operário de origem espanhola José Martinez foi baleado pela repressão em meio aos protestos durante a greve que paralisava a cidade de São Paulo naquele momento. A indignação pela sua morte, ocorrida dias depois, incendiou mais a luta. O movimento, liderado por mulheres, obteve conquistas importantes e foi a base da organização do movimento sindical brasileiro.

O Dia da Luta Operária, comemorado em 9 de julho por lei de autoria de Donato (lei nº 16634/17), é um contraponto ao 9 de julho celebrado pela burguesia paulista, que em 1932 iniciou um levante contra o governo federal de Getúlio Vargas. A elite dirigente de São Paulo estava em conflito com a União desde 1930, porque o gaúcho Vargas assumiu o poder através de um golpe e rompeu com a política do café com leite, em que Minas e São Paulo se revezavam no governo federal. Inconformada, a elite paulista articulou um golpe para derrubar Vargas. O plano acabou frustrado.

“No ano passado, celebramos o centenário da greve de 1917. Esse ano resolvemos homenagear alguém profundamente ligado à luta operária. Em 2017 Del Roio esteve aqui e fez uma palestra envolvente sobre aquela greve, a origem da classe operária brasileira. Ele lançou o livro dele (“A Greve de 1917 – os trabalhadores entram em cena”) aqui também”, explicou Donato.

Nascido em São Paulo, Del Roio começou a atuar desde jovem no Partido Comunista Brasileiro (PCB), ajudando a organizar entidades estudantis e sindicatos operários. Depois do golpe militar de 1964 resolve, juntamente com outros militantes (como Carlos Marighella) fundar a Ação Libertadora Nacional (ALN). Viveu em Cuba, Peru e Chile, até se fixar na Europa. Foi um dos responsáveis pela retirada do Brasil de importantes documentos e acervos do PCB, incluindo a biblioteca de Astrojildo Pereira, contendo jornais, livros, revistas das primeiras décadas do século XX do movimento operário brasileiro. O material foi recolhido e em uma operação secreta e levado para Milão, na Itália. Após a redemocratização todo o acervo retornou ao Brasil.  Del Roio também é cidadão italiano e em 2006 elegeu-se senador naquele país. Foi, ainda, membro do Conselho da Europa.

Lavinia e Tereza, filha e esposa do homenageado.

Del Roio agradeceu a homenagem, lembrando outros lutadores importantes do movimento operário. Ele falou, ainda, de um terceiro 9 de julho, o de 1924, quando oficiais do Exército fizeram manifesto exigindo mudanças no Brasil. Um dos braços do protesto foi em São Paulo e o governo federal de então bombardeou a população civil da cidade. O episódio acabou desaguando na famosa Coluna Prestes.

Estiveram presentes na homenagem a Del Roio dirigentes das centrais CUT, CTB, Intersindical, o cientista político Paulo Sérgio Pinheiro, o deputado federal José Américo, a arqueóloga forense Ana Tahuyl, o ex-deputado Adriano Diogo, o vereador Eduardo Suplicy, o professor e dirigente do PSOL, Gilberto Maringoni, entre outros. Teresa Isenburg, esposa de Del Roio, foi homenageada no evento. E a filha do casal, Lavínia Del Roio, deu um depoimento emocionado e alegre sobre a vida do pai.

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