Reparação histórica a Vladimir Herzog na Assembleia Legislativa
Em pronunciamento da tribuna da Assembleia Legislativa, deputado Donato fez uma reparação histórica sobre a perseguição, prisão e morte do jornalista Vladimir Herzog, que no dia 25 de outubro completa 50 anos.
Donato leu trechos de discursos de dois deputados estaduais (Wadih Helú e José Maria Marin), feitos no início de outubro de 1975, que incitou a perseguição ao jornalista, à época diretor de jornalismo da Rádio e TV Cultura.

Tendo em mãos cópia do Diário Oficial de 9 de outubro de 1975, leu trechos do discurso de Wadih Helu. Na fala, Helu acusava a TV Cultura, dirigida por Herzog, de abrigar “elementos da esquerda” e de fazer “proselitismo do comunismo”, chamando a emissora de “televisão Vietnã Cultura de São Paulo”, que estaria “desservindo o nosso governo e a nossa pátria”.
O discurso foi apoiado em aparte pelo então deputado Marin, que exigiu providências do governo do Estado contra as supostas denúncias. “Essas falas foram o estopim para a convocação de Vlado para depor no famigerado DOI-CODI, aonde foi torturado e morto”, pontuou o parlamentar.
Semanas após os pronunciamentos de Welú e Marin, no dia 24 de outubro Herzog foi convocado para depor no Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), órgão de repressão da ditadura militar. No dia seguinte apresentou-se espontaneamente, “sem advogado, com a certeza de que ia esclarecer um mal-entendido”. Herzog acabou sendo barbaramente torturado e morto. A versão oficial, de suicídio, foi posteriormente desmentida e confessada como uma farsa pelos próprios agentes da ditadura.
Donato também recordou a imensa reação da sociedade civil, que resultou no histórico ato ecumênico na Catedral da Sé, reunindo mais de oito mil pessoas e lideranças religiosas como dom Paulo Evaristo Arns, o rabino Henry Sobel e o reverendo James Wright.
“Muitos dizem que ali se iniciou o processo de derrubada da ditadura. Foi com a coragem desses religiosos e das milhares de pessoas que foram lá, que começamos a reconstruir nosso caminho para a democracia”, ressaltou.
Ao final de seu pronunciamento o deputado convidou a todos para um novo ato ecumênico que será realizado em memória de Herzog, no próximo dia 25 de outubro, às 19h, na Catedral da Sé. “Convido a todos os democratas para que a gente não possa, de maneira nenhuma, deixar apagar a memória de Vladimir Herzog e manter viva a chama da democracia”, concluiu, citando Ulysses Guimarães: “Ódio e nojo à ditadura”.